Escola Básica São João de Deus (Montemor-o-Novo)

Escalão: 2.º e 3.º Ciclos

Memória descritiva:

Os alunos do Ateliê Criativo, inserido no Projeto INCLUSIVAmente da Escola Básica 2, 3 de S. João de Deus de Montemor-o-Novo, participam no projeto “Roupas usadas não estão acabadas”, aceitando o desafio “Criar com estilo”, mediante a criação de um saco de compras, com a orientação e ajuda das professoras do ateliê, em articulação com o programa Eco Escola e a respetiva coordenadora. Conceção do projeto Na conceção do projeto inspirámo-nos no tradicional saco de pano, que existe há muito na nossa região alentejana e que todos conhecem por “talego”, e pensámos em reinventá-lo, dando-lhe um ar mais contemporâneo sem comprometer a sua identidade cultural e tradicional. Fundamentação do projeto O que é, afinal, um “talego”? O termo só tem sentido no Alentejo, de onde é oriundo, embora, atualmente, com a difusão e proliferação de sacos de plástico por todo o lado, o “talego” tenha caído em desuso. Os “talegos” tradicionais eram sacos que serviam para guardar o pão ou a merenda e que hoje apenas são costurados por senhoras mais antigas, para serem depois vendidos em lojas de artesanato tradicional ou para decorar o ambiente de qualquer tertúlia alentejana. De que eram feitos os “talegos”? Como sabemos, a maior parte dos “talegos” era feita de tecidos baratos, antigos, ou até mesmo de retalhos que sobravam da confeção das roupas e que hoje praticamente não se usam: cretone, trobalco, chita da tabela, riscado... Era o tempo de tudo fazer, pois nada se comprava feito. Um tempo encantado, aquele! Era comum os mais novos sentirem curiosidade e observarem as avós, verdadeiras fazedoras de coisas bonitas: meias arrendadas, camisolas de malha, bonecas de trapos e… “talegos”. Nessa altura, todas as donas de casa os faziam, mas as avós, já com mais tempo disponível e paciência acumulada ao longo dos anos, primavam pela criatividade. E que admiração se sentia por essas genuínas confecionadoras de “talegos”! Como se costuravam os “talegos”? Há duas espécies de “talegos”: os inteiriços, feitos de um só bocado de pano, e os de retalhos, feitos de pedaços de pano variados, que os tornam mais policromados e apelativos à vista. Os retalhos eram cosidos à mão um a um e com eles formavam-se duas frentes iguais, que eram depois cosidas uma à outra. Obtinha-se assim uma espécie de saco. A fase que exigia maior habilidade era a aplicação do forro, que tinha de ser talhado à medida do saco e depois cosido nas três partes, com exceção da abertura superior que tinha de coincidir com a boca do “talego”. Só depois se construía uma bainha, no cimo, que era cosida ao saco e ao forro. Nessa bainha enfiava-se um cordão entrelaçado, que tinha sido feito num carrinho de linhas com 4 preguinhos que ajudavam a entrelaçar os fios. Projeto “O nosso talego para compras” Partindo destas memórias e referências culturais avançámos para a construção do nosso “talego para compras”. Processos de criação e desenvolvimento de conteúdos 1. Diálogo com os alunos para explicitação dos objetivos do projeto e escolha do saco a construir. Visualização de exemplos de “talegos” tradicionais e explicitação do seu valor no património cultural; 2. Definição do tamanho e do formato do saco. Definiu-se igualmente o tamanho (médio) e o formato (retangular) do saco, com as medidas 50 cm X 48 cm; 3. Seleção dos tecidos e materiais a utilizar. Nesta fase, decidimo-nos por três tipos de tecido: a chita com padrão floral (para a frente do saco), o pano crú (para a parte traseira do saco), o pano azul (para o entrançado usado nos adereços do saco) e o térmico (para revestimento de uma das partes interiores do saco); 4. Confeção do saco com recurso à aplicação de técnicas básicas de costura: recortar, alinhavar, chulear, guarnecer, entrançar fitas de tecido… 5. Balanço do trabalho desenvolvido com partilha de experiências e registo de fotografias do saco de compras produzido. Etapas de elaboração Na sua essência, estas não diferiram muito das tradicionais. Contudo, passamos a enunciá-las: 1. Após a seleção e recorte dos tecidos construiu-se o exterior do saco, utilizando o pano floral de chita à frente e o pano crú atrás; 2. No pano crú, como detalhe, aplicaram-se três filas de pano entrançado azul na base do saco; 3. Em seguida, virou-se e procedeu-se ao recorte e à aplicação do forro em material térmico, que ocupou apenas metade do saco, com vista a permitir a colocação de vários tipos de artigos no seu interior; 4. Construiu-se a bainha com os cordões para fechar o saco; 5. Na sequência desta fase aplicaram-se as alças e o bolso exterior decorativo, feitos do mesmo material. 6. Depois de todas as partes estarem costuradas em definitivo, o saco foi engomado e alvo de recolha de imagens para integrar o suporte escrito do nosso projeto.